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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Brasa

Como brasa adormecida
A espera de um leve sopro,
O bastante para avivar-lhe
A chama ardente que ali reside,
Espero a vida acontecer!
Mesmo nas manhãs frias
Com céu nublado, vento gelado,
Aqui dentro reina esse fogo,
Que aquiesce esse momento,
E não penso em nada
Que vá a sentido contrário
Desse sentimento!
Não quero queimar etapas.
Há o tempo para o lamento,
Para o choro, o esquecimento.
Agora, apenas deixo fruir
O que de melhor há em mim.
Essa chama que quase se apaga
E que não deixo morrer.
Pois que, meu coração vazio
Não me faz feliz,
Não me faz sorrir.
Vivo a cada instante
Repleta de você em mim
E, por enquanto, isso me basta.

C.L.

Caminhar


A vida é um eterno recomeçar
Não existe um momento igual ao outro
Nem mesmo as palavras, se ditas
De maneira diferente, conservam o sentido inicial
A vida se renova todos os dias
Tudo muda a cada segundo
Transforma-se a cada instante
Construímos sempre outro mundo
O amor também não é sempre o mesmo
O seu amor, o meu, o do vizinho
São distintos no toque, no pulsar do coração
Nas palavras, no sonho
Nesse caminho, feito de dores e encantos
Não adianta adivinhar, somente seguir...
Toda graça do caminhar, está no imprevisto
Nas coisas vividas nesse imenso palco
Onde tudo é improviso
Onde o certo e incerto estão lado a lado
E o minuto que passou, não voltará
Não temos tempo para orquestrar o ato
Então seguimos como a canção
Compasso após compasso
Despertando sentimentos de algodão e aço
Querendo o descanso para o fardo
Almejando doce colo
Onde recostar a cabeça e curar o cansaço
Certeza somente do fim da estrada
Parafraseando o poeta
Que ao final dará em nada!

C.L.

Lágrima

Não pertencer
Ao lugar,
A alguém,
Ao seu próprio ser
Não existir
No imaginário do outro
Ser um sonho solitário
Ser seu próprio relicário
Não saber-se incluso
Sentir-se intruso
Fora de uso
Uma lágrima rola meu rosto
Com ela, o gosto da solidão!

Cida Lima

Reconhecendo o amor

Como reconhecer o amor?
Será no olhar,
No gesto das mãos,
No tom da voz,
No sorriso contido,
No jeito de andar,
Nas palavras ditas,
No silêncio que fala...
Para proteger o amor,
Quantas pedras a retirar,
Tempestades a enfrentar,
Lágrimas a secar,
Brilhar os olhos a cada olhar...
O amor não se reconhece!
Ele se instala no peito,
Assim, meio sem jeito.
Envolve e toma a alma,
A revelia do não,
À disposição do sim!
Amar de qualquer maneira,
Pela vida inteira.
Pois que o amor é abrigo.
É caminho trilhado a dois.
É não sentir-se só e nem triste,
Pois no peito de quem ama
A alegria insiste,
E a vida passa branda,
Como um rio que corre em seu rumo
Ao alcance do mar profundo,
Onde suas almas
Nessas águas se encontram,
Embaladas nas notas da canção
Abrigando o outro, no coração.

C.L.

Pensamentos


Como o nascer do sol
Que acorda toda a vida da terra
Ponho-me em pé todos os dias
Acordando o que em mim se encerra
Como seus raios invadindo a natureza
Penetrando escondidos recantos
Eu abro a janela dos meus olhos
Buscando ver apenas o encanto
Como o sol que vai passando
Deixando entrar o escuro da noite
Também passo meus dias cantando
Soltando sentimentos e outros abrigando
Como a vida que vai e que vem
Sigo meu rumo, indo e vindo também
O que será, será
Que os anjos digam amém.

Aquela história

Aquela história que comecei
Na qual você era meu rei
Falo agora sem chorar
Isso já foi meu bem

Aquele olhar que só via você
E o abraço que era só teu
Ficou pra trás, como tudo também
Isso já foi meu bem

Aquela música, que a muito ouvíamos
Saiu da lembrança, deixou um vazio
Agora tem outra em seu lugar
Enchendo esse espaço, me fazendo sonhar

Aqueles sorrisos, que brotavam assim
De qualquer maneira, sem meio e sem fim
Não tem mais lugar, aqui dentro de mim
E a história de nós dois também
Concluo, essa, já foi meu bem!

Seu rosto

Embora não saiba seu rosto
Vejo-o em inertes fotografias
Que não dizem quem você é
Mesmo assim, encantada estou
Mesmo sem sentir seu cheiro
Nem ver a gota de seu suor
Escorrendo em sua face
Sem sentir sua respiração
Ou mesmo ouvir sua voz
Mesmo assim, encantada estou
Não sei a cadência do seu passo
Nem o calor de suas mãos
Ou seu modo de olhar o amor
Mesmo assim, encantada estou
Pelo gosto musical
Pelas risadas noite adentro
Cada qual ao seu modo
Tateando no escuro,
E só por isso, encantada estou
Esse é o encanto do sonho
Do amor procurado
Que habita o mundo virtual
Que suprime o tempo, o toque, a presença
Feito de palavras e música
Mas que se torna verdadeiro ao final.

Há Tempo

Há tempo para
Chorar
Viver
Sonhar
Tempo de ir
De vir
De brincar
De sério Ser
Há tempo de viagens
De mudanças
De ficar
De guardar nas lembranças
Tempo de voar
De ser seu melhor super herói
De ser comediante
De viver feliz a todo instante
Há tempo de ter tempo
Para a vida que se mostra
Nova a cada dia
Inteira a nossa espera
Florida como a Primavera
Encantada como contos de fada
Tempo de deixar o mal sair
De encontrar motivos para sorrir
De não deixar a peteca cair
De jogar fora a velha roupa e seguir
Em tempo: hoje é dia de recomeçar!

Madrugada

Madrugada
Meu pensamento lá em você
Calmaria, só eu e a música
Que me leva até seu lugar
Sinto a vida queimando em mim
E nesse fogo, o passado virou cinza
E o presente brilha em sua brasa.
Madrugada
Onde não há o impossível
Nada que te afaste de mim
No céu, pontos brilhando
Daqui ao infinito
No peito, o coração pulsando
E o pensamento lá, em você.
Madrugada
Corta meu sonho feito espada
Os olhos já não querem mais brilhar
Fecham-se para que se faça a magia
Então, busco seu rosto
Fecho a porta do real
Te encontro livre afinal

C.L.

Aflição

O que me aflige
São as palavras não ditas
Presas no pensamento
Acorrentadas à garganta
Dizê-las, ao mesmo tempo
Liberta-me e me prende a elas
O que me aflige
São os movimentos do corpo
Que denotam meu querer
No sem jeito das mãos
No olhar que não quero dar
No jeito de andar
O que me aflige
É que não há ontem nem amanhã
Que o presente é tudo o que tenho
Nele não encontro você.
O que me aflige
É o depois desse vendaval
Esvaziar o coração
Tornando-o sem luz
Pois que não quero mais amar
O que me aflige
São as horas intermináveis
Dedicadas ao pensamento
Querer apenas viver
Sem dores, no esquecimento
É meu desejo nesse momento.

C.L.